sábado, 4 de agosto de 2007

Anônimo

Silêncio, silêncio.

Na minha nuca, olhos me fitam.

Me seguem, mas não vou me virar.

Sinto o calor de um suspiro,

Muito úmido, mas não quero olhar.

O anônimo me soa como mito,

Porém, no mesmo rito, eu me nego.

Anônimo talvez por medo ou desapego.

Incógnita, enigma, charada.

Embora a curiosidade reja,

Até que aprecio alongar meu desespero.

Quem sou eu pra ter alguma resposta.

Não sou ninguém pra pessoa as minhas costas.

Meu anonimato é bem mais relevante.

Sou incógnita muito mais constante,

Perene de meu mundo.

Oh! Meu cavaleiro onipresente virtual

Me socorre desta rede de intrigas digitais.

Me apanhe em seu cavalo de tróia!

Tenho um presente grego no meu colo.

Se debruce sobre meu ombro,

E veja que rara jóia,

Um órgão naturalmente solo

Sem afagos, um verdadeiro escombro.

O que sobrou da pequena máquina

Intimamente infectada pelo teu

Silêncio, silêncio, silêncio...

[Aline Sampin



- Ilustração: Aline Sampin.