segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Soneto de Simbiose


Em minha pele, teu cheiro.
Teu gosto em minha boca que vai.
Segue um sorriso satisfeito.
Alegria na lágrima que cai.

Mesmo triste, afortunada me vejo.
Contente, minha sorte por te ver
Feliz e faceiro num longo beijo,
Prazenteiro sempre ao me dar prazer.

Falo de mim ao me referir a você.
Penso em você quando me quero lembrar.
Faço-te o bem para o meu próprio proveito.

Ouço meu coração, quando é o teu a bater.
Vejo minha vida passar em teu olhar.
Sei mesmo que amo e não tem mais jeito.

[Aline Sampin


- Ilustração: Aline Sampin

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Menina Mulher


Vi a mulher, vi a menina.
Parti sem deixá-las pra trás.
Sorrindo, as três chorando feridas.
Andamos, mãos dadas, sonhamos demais.

Chegamos pra toda gente.
Olá, fora de nós!
Roubamos a cena, perdemos o rumo.
Perfeito virou ausente,
E assim, nos vimos sós.

Mulher envelheceu depressa,
Menina logo se perdeu.
Nessa confusão, longe da festa,
Vi que menina e mulher eram eu.

[Aline Sampin


-Ilustração: Aline Sampin

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Sensacional


Espelho que diz o que quer
Quando bem entende.
Que sabe aonde vai.
Ora menina, ora mulher.
Da minha força depende.
Instalou-se em minha vida e nunca mais sai.

Querida como se eu mesmo fosse.
Companheira uterina de anos atrás
Minha primeira boneca e preferida.
Amiga, em quem instauro minha posse.
Irmã idêntica, nem menos, nem mais.

[Aline Sampin


-Ilustração: Aline Sampin

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Cuca Complicada





Não sei como pode,
Problema ser consolo
Ou se consolar em um problema.
Consolo é quem acode.
Problema é um engodo.
Então se fez mais um dilema.

Não sei quem me acode
Pra resolver este dilema.
Consola-me quem pode,
Resolva meu problema.
Se o consolo é um engodo,
Anseio um estratagema.

Pois se o tal consolo
É verdadeiramente dolo.
Imaginem o problema!
Será ele um teorema?
Resolvê-lo ninguém pode.
Então, meu Deus, quem me acode?

Assim, assim, minha cuca explode!
Será eu, o meu problema?
Ou será que sou consolo?
Será que eu mesmo me acudo?
Ou será isto mais um dilema?
E ainda, será que tudo isto pode?

[Aline Sampin


- Ilustração: Aline Sampin

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Ócio

O pulso parou sensivelmente.
Destarte a carne morre sem esforço.
Vermelho se faz preto.
Vivo apodrece, sobra o osso.

Consciente abandona-o a mercê do nada.
Destarte a mente se faz ausente.
Rosto empalidece num branco insosso.
Labuta putrefaz, sobra a preguiça da mente

[Aline Sampin


-Ilustração: Aline Sampin.