Eu queria, ainda, um resto do que vem.
Vender o nada que me cabe da sombra que me cobre.
Ter a visão distorcida por uma bolha de sabão.
Comprar a bolha por apenas um vintém.
Das folhas da árvore me vestir e me sentir nobre.
Ter meu mundinho me protegendo de qualquer não.
Mais ainda, eu queria ter a tua companhia.
Tê-lo preso, por tua vontade, ao meu lado.
Aperfeiçoar, o que é perfeito, tua nobreza.
Enfiar-te em mais uma bolha que surgiria.
Vigiar, como um tesouro, teu olhar apaixonado.
Trancar, a sete chaves, no meu peito, tua pureza.
Queria, em fim, caminhar por sobre a mesa.
Admirar este meu encantador jogo de tabuleiro.
Jogar o pequeno dado de única face.
Ganhar de minha rival a realeza.
Descobrir que não tem preço este meu reino,
E que minha adversária era meu insólito disfarce.
[Aline Sampin