sábado, 18 de setembro de 2010

Paisagem de Brutos Versos

Versos que em nosso amanhã
Teus olhos não lerão
Nem se lembrarão da cor vibrante
Que o hoje que será ontem
Mostraram a ti tão distante.

Em tal hoje, palavras diziam: tu és.
A angústia que me felicita és.
O pretexto do meu instinto animal.
És o compasso ansioso de meus pés.
Tudo o que é em mim natural.

Versos ásperos, já que brutos,
Bruteza própria de impulso
Pulsa tudo sem pensar,
Te machucam sem engano,
Fere mesmo, fere sempre, pra sarar.

Sou esta sincera provedora
Partindo tarde oscilante,
Provendo nada, chegando à toa
Na efemeridade de teus rompantes,
Na vida errante da tua proa.

Enfim, somos sem mais nem menos.
Teu barco não aportará em meu futuro.
Um dia, tua inerme vida te virará as costas.
Por certo, tu perderás teus remos.
Abrandado, te encontrarás seguro
Nas duras pedras de minhas encostas.

[Aline Sampin

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

On the bus

Yesterday,
I saw a couple kissing on the bus where I was.
They seemd happy as a lot of people would like to be.
I am sorry, but they were not like us.
What do you think? Do not tell a lie to me.

You are not a person I would like marry.
I'd never marry a rude man. I know other guys.
And I already have my problems to carry.
I don't want who doesn't kiss me on the bus.

[Aline Sampin

domingo, 21 de março de 2010

Não entendo

Não entendo, não entendo
Pra que tantas desculpas e motivos.
Pra que isso tanto?
It's true. It's so hard to be alone.
Sou eu mesmo, sou eu mesmo
Que pouco falo e muito penso.
Pra que tantos rostos e esquivos?
I'm fine, I'm alone enough
to have him inside me.
E o derramo, o derramo
Em lágrimas pelo beijo do outro.
Só mais uma cena pro meu repertório.
Somente mais um engano.
Mais um abalo no meu orgulho torto.

[Aline Sampin

domingo, 3 de janeiro de 2010

Preencha de sonhos



Sou uma barragem contendo a correnteza.
A minha volta, secura da terra que se quer encharcar,
De tanta sede que sente da minha inútil estranheza.
Mas a represa tudo ampara. Esta represa, meu olhar.

Meu olhar que nada vê, que mede, desvia, se mexe,
Esconde vontade, dissimula desejos e constrange um futuro.
A correnteza, meu bem, um devaneio, se escabeche,
Cá dentro, cá comigo, com o cálice que amarguro.

Um cálice até a borda de sonhos, tonturas, caprichos,
Silêncio e sussurros que não pretendo libar.
Penso que se não me mexo, nada sai do lugar.

Paraliso e aguardo quem complete meus rabiscos.
Os desenhos mal feitos, que eu não quero enxergar.
Por favor, preencha-me de sonhos antes de me amar.

[Aline Sampin

- Foto: Leli

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Plágio

- Esta cara não tá nada mal!
Entorta mais, obscurece.
- Tá parecido ou igual?
- Assim teu olho não convence.
Vira de lado, diagonal.
- Assim tá bom, é similar?
- Empalidece. Mais superficial.
É mesmo isso, tá quase lá!
Agora um bico mais imoral.
- To idêntico? Posso parar?
- Tal e qual, um legítimo cara de pau!

[Aline Sampin