segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Manifesto

Onde havia amor, já não se pode haver.
Mas do que nunca, de hoje em diante
Nessa terra, nessa vida, ninguém pode viver
Dos verbos que sucedem aquele que é operante.
Ninguém aqui fornica, ninguém pode mais foder.
Nem como gente amiga, nem como gente amante.

Cortem a carne do que peca.
Mas não permitam ver-lhe o sangue,
Que é o sumo do doloso.
É o que endurece toda neca.
E ainda que ele sangre.
Não lhe deixem ter o gozo.

Digam adeus à falha, ao erro, ao ato.
Não ouvi, ainda, palavra sequer.
Quem será o primeiro a ser de fato
O carnífice da iniquidade da mulher?
Saiba este, renegar apetitoso prato.
Em tal iguaria não meterá mais a colher.

Falemos de falência ao falo!
Gritemos guilhotina ao grelo!
Falência ao falo!
Guilhotina ao grelo!
Ao falo!
Ao grelo!
Falo grelo!

[Aline Sampin

Um comentário:

Anônimo disse...

muito bom!! afiada e afinada como sempre...