Aquela mesa nunca foi tão longa.
Sabiam-se
ligados por um laço incompreensível e severo.
Uma
paixão platônica, dessas que se sente pelos gostos bons da vida.
Encontram-se
E
riem-se
Da
memória furtiva de que são cúmplices.
Agora,
aquela mesa está muito longa.
E
nessa distância margeada por vigias enganados
Olham-se
E
riem-se
Da
viva infância que lhes acometem o peito e dispara o corpo estagnado até ali.
De
uma ponta à outra daquela longa mesa,
Seus
olhares aperfeiçoam os nós dos laços incompreendidos.
Perdem-se
E
riem-se
Da
condição ridícula, infantil e imoral, em que se encontram – adultos que são.
Mas
aquela mesa longa...
E
o tempo esgarçado e torturante insiste, ignorante, em mantê-los afastados.
Anseiam-se
E
riem-se
Do
iminente fim da briga de gladiadores que participam desatentamente.
Só
interessa o lado oposto da longa mesa.
O
fim que chega faz, enfim, começar o dia.
Abraçam-se
E
riem-se
Satisfeitos
pelo toque de pele, cheiro, respiração, sussurros,
Não
mais separados pela inútil longa mesa.
E
o insólito instante a sós os embriaga e tece laços de corpos.
Amam-se
E
riem-se.
[Aline Sampin
2 comentários:
Lindo!!
Lindo!!
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